segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Hipocrisia e religiosidades

O texto abaixo, de Jorge de Lima, fez-me refletir sobre a hipocrisia que pode haver no meio religioso. Há tanta gente querendo "iluminar" os outros, mas sendo ou vivendo uma "treva" dentro de casa ou dentro de si.


O ACENDEDOR DE LAMPIÕES
(Jorge de Lima)

Lá vem o acendedor de lampiões da rua!
Este mesmo que vem infatigavelmente,
Parodiar o sol e associar-se à lua
Quando a sombra da noite enegrece o poente!

Um, dois, três lampiões, acende e continua
Outros mais a acender imperturbavelmente,
À medida que a noite aos poucos se acentua
E a palidez da lua apenas se pressente.

Triste ironia atroz que o senso humano irrita: -
Ele que doira a noite e ilumina a cidade,
Talvez não tenha luz na choupana em que habita.

Tanta gente também nos outros insinua
Crenças, religiões, amor, felicidade,
Como este acendedor de lampiões da rua!

domingo, 28 de agosto de 2016

Religião e Mídia: espiritualidade no mundo moderno

Reflexões do filósofo e professor Luiz Felipe Pondé.


CRÍTICA ATEÍSTA DA RELIGIÃO: OS MESTRES DA SUSPEITA


ROCHA, Alessandro. Uma introdução
à filosofia da religião. São Paulo: Vida, 
2010. pp.127-144.


Sigmund Freud, Karl Marx e Friedrich Nietzsche são destacados no capítulo 7 do livro “Uma Introdução à Filosofia da Religião”, de Alessandro Rocha. Os três pensadores colocavam a religião e a consequência dela em cheque; desconfiavam da existência de Deus, bem como de quaisquer divindades. Daí serem chamados de “mestres da suspeita”.

  No capítulo Crítica ateísta da religião: os mestres da suspeita, discorre-se sobre as crenças dos referidos pensadores.  Marx, por exemplo, disse que a religião é o ópio do povo. Ele acreditava que ao criticar a religião, a população seria alertada acerca de um sistema manipulador, que deixava – em sua opinião – as pessoas acomodadas, resignadas, inertes. Marx defendia que a filosofia, ao criticar a religião, estava prestando um grande serviço à sociedade.

Nietzsche teria sido ainda mais contestador, sendo dele a célebre sentença de que Deus está morto. Contudo, ele fala da morte de Deus “como condição para o surgimento do super-homem, ou seja, o ser humano em plena afirmação de sua vontade e potência” (Rocha, p.128).

Outro pensador crítico da religião foi o psicanalista Sigmund Freud, para quem Deus é uma ilusão infantil. Ele não se preocupou em analisar a existência de Deus, mas, sim, fazer um estudo crítico sobre a razão da existência de fé e religião.

Freud defendia que os religiosos viam em Deus uma figura paterna, como um pai que acolhe o filho no mundo injusto e cruel. Este paternalismo, afirmava, era prejudicial, vez que causava imaturidade para o enfrentamento de problemas. Por isso, Freud defendia que este pai deveria morrer no imaginário das pessoas.

Um dos pontos ressaltados por Alessandro Rocha é a assertiva de que não se deve simplesmente repetir as teorias de pensadores que criticaram a religião, devendo ocorrer uma crítica da crítica religiosa daquela época. Sendo a filosofia a permanente busca de conhecimento, não há de se ter como finito ou definitivo um conceito.

Resumo by Fátima Nascimento